Durante nosso processo de pesquisa e montagem de performance criada a partir de processo colaborativo, livremente inspirado no conto "O Espelho" de Guimarães Rosa surgiu esta linda poesia de Cecília Meireles:
Encomenda
Desejo uma fotografia
como esta - O senhor vê? - como esta
em que para sempre me ria
com um vestido d eterna festa.
Derrama luz na minha testa
pois tenho a testa sombria
deixe esta rua que me empresta
um certo ar de sabedoria
Não invente fundos de florestas
nem de arbitrária fantasia
não, no espaço que ainda resta,
ponha uma cadeira vazia.
Cecília Meireles.
Nosso processo é uma eterna encomenda e sempre caberá espaço para novidades, então temos sempre a cadeira vazia pra não esquecer de se abrir ao novo, de dar espaço pra pensar e mudar de idéia sem culpa e sem orgulho individualista, e deixar sempre um vão entre uma coisa e outra, assim sabemos perceber que não estamos prontos, mas sempre em prontidão, sempre em processo de eterna construção e fazendo desta cadeira vazia mais que uma expressão, mas de fato uma busca pela solução de não ter a obrigação de ser um artista funcionário alienado, mas um intérprete criador, criando e compartilhando juntos nossas idéias, crises e nosso constante encontro.
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